quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Decálogo de Lênin e a atualidade

Em 1913, Lênin escreveu o "Decálogo" que apresentava ações táticas para a tomada do Poder.

a) Qualquer semelhança com os dias de hoje, não é mera coincidência

b) Tendo a História se encarregado de pôr fim à questão ideológica, a meditação dos ideais, então preconizada, poderá revelar assombrosas semelhanças nos dias de hoje, senão vejamos:

1.. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

2.. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;

3.. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;

4.. Destrua a confiança do povo em seus líderes;

5.. Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;

6.. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;

7.. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;

8.. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;

9.. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;

10.. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa...

E para quem acha que o Decálogo é uma invenção dos EUA na Guerra Fria, ou simplesmente nunca existiu.

É um documento notório escrito por lênin em Em 1913, alguns falam que foi entre 1901 e 1902, mas a data exata não é importante. Vladímir Ilich Lenin escreveu uma obra que se converteu em uma espécie de "Manual do Revolucionário", publicada no idioma espanhol com o nome de"¿Qué hacer?" (Editorial Progreso, Moscou 1981).

http://www.tau.ac.il/~russia/cvs/Faculty/Halfin/chp4.doc
LENIN, Vladimir Ilitch. El Imperialismo, Fase Superior de Capitalismo.Moscou. Editorial Progreso, 1981. (Existem várias edições em português).
Para sermos mais atuais, o tal falado "estatuto do desarmamento", nada mais é que orientação do Decálogo de Lênin.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Segunda Feira Estratégica



Tirei o dia... na verdade...Ops... Tirei não... O Dia de hoje, foi posto... colocado... inserido.... e acima de tudo, organizado!

Coloquei o sono em dia....

Coloquei as pesquisas em dia...

Os trabalhos em dia...

A preguiça em dia...

A conversa em dia....


Hoje foi o dia.. aquele dia, que nao queremos fazer absolutamente nada e acabamos fazendo tudo.


Armário arrumado, sapatos organizados, leituras em dia.... Lá vem essa palavrinha novamente... Dia...

Durante 1 mes, fui uma criatura ativa da noite, indo para faculdade e curtindo sextas feiras fanfarronas, de bares em ba


res,petiscos em petiscos.... e desce mais uma!


Fase totalmente cibernética... Mal desgrudei do meu note... Certa tarde, acordei com ele do meu lado, foi quando percebi que GOOGLE IT, está tatuado em minh'alma.


Ah, durante esse 30 diazinhos, pude entender os acontecimentos que me cercavam, e quando nao estavam ao meu redor, procurei buscar novos acontecimentos à nivel mundo... Tal qual, a queda ou saida estratégica de Tzipi Livni.


Dedico meu dia às guerreiras da minha vida.... Minha mae, que me ensinou tudo.... que mantém um dialogo aberto comigo, minha melhor amiga.... e duas guerreiras um tanto distante, mas nao obstantes na minha tragetória.... Tzipi Livni e Condoleezza Rice.
Abraços da Blogueira....

domingo, 26 de outubro de 2008

Cartas da filha de Stalin - extraída do seu livro " Vinte Cartas a Um Amigo"




Istra e Represa deIstra(construída entre 1658-1685)


Peço desculpas aos que não curtem história: a estes peço que pulem este post. Mas aos que gostam, vai aqui mais uma carta de Svetlana Alliluyeva, a filha de Stalin, extraída do seu livro " Vinte Cartas a Um Amigo". Este livro é esgotado aqui no Brasil. Minha edição é de 1967, da Nova Fronteira. Acho um livro essencial, para se compreender um pouco mais da Rússia do período stalinista e do caráter de Stalin. Seu livro não é, de forma alguma, nenhuma apologia comunista, nem escrito com a finalidade de cultuar a personalidade de seu pai, mas a pura e simples confissão de uma pessoa que viveu ao lado de um homem de personalidade difícil, complexa, como a de seu pai, uma pessoa que amou e sofreu e que tenta fazer uma análise da personalidade paterna, isenta de qualquer sentimentalismo.
Esta carta, em especial, é repleta de um amor lírico pela Rússia e de um sofrimento subjacente em decorrência das coisas ali vivenciadas. Achei oportuna sua postagem, uma vez que a autora fala do amor dos georgianos (origem de seus pais) pela Rússia. Oportuna num momento em que vemos os dois países vivendo momentos tensos. Para mim, é uma das cartas mais bonitas deste livro. Svetlana descreve um amor tão incondicional pela Rússia, de todos que a este país são ligados pelo coração (meu caso), que me identifiquei com esta carta.




"Cap. 11




Antes de ontem, meu querido amigo, eu lhe falei sobre o que para mim era o mais difícil de tudo... Pensar nisso e ainda mais escrever sobre isso é, cada vez que o faço, algo terrível e torturante. Quanto mais vivo neste mundo, quanto mais envelheço, tanto mais difícil me é pensar nisso.Para minha felicidade, no entanto, anteontem, meus queridos amigos Zaimóvskie me arrastaram até a Represa de Istra, em cuja aldeia moram conhecidos comuns nossos; no inverno, todos juntos, esquiamos em torno de Jukovka. Eles nem podem suspeitar como eu lhes sou grata!...No caminho de Istra, viramos na direção de Bujárovska. E me envolveu, por todos os lados, a Natureza, imensa como o céu, tranquila, eterna e indiferente a tudo.









Que lugares maravilhosos! Que beleza suave, calma, terna, que a coisa alguma se compara!O mar, decerto, é magnífico. O Sul, luxuriante e fecundo, com suas montanhas, impressiona fortemente. Mas estas isbás cinzentas - tão antigas e sempre as mesmas - estes prados e campinas e, no horizonte, os bosquetes e, sobre eles, um céu não azul, porém acinzentado - que magia existe em tudo isto! E esta campina ao longo da estrada, com as florinhas amarelas e brancas, que a invadiram e que, esfregando-as nas mãos, cheiram a mel...Pois é. Que rosas do Sul podem ser comparadas a este doce aroma? O próprio córrego Istra, com suas tranquilas águas verde-escuras, com suas margens sinuosas, ladeadas de salgueiros - nessas águas praticamente não se pode tomar banho, mas apenas contemplar e contemplar... E por causa de toda essa beleza tranquila, sente-se apertar a garganta, e seria tão doce chorar, como ao reencontrar um amigo, a quem não se via desde muito tempo, que afinal chegou e em cujo peito a gente deita a cabeça e chora de alegria...






A própria Represa de Istra já é, em si, uma obra poderosa e majestosa da Natureza - aquelas águas levemente onduladas, reluzindo ao sol. E, por todo lado, as barracas, os automóveis, os rostos jovens, corpos bronzeados, trajes de banho de cores vivas - por toda parte, mocidade; este de bicicleta, aquele andando com uma mochila nas costas, aqueloutro de automóvel, levando uma barquinha na capota. Como as pessoas gostariam de viver bem, às claras, com simplicidade; como todos, na Terra, desejam uma mesma coisa: vida boa, saudável...Na aldeia de Aliôkhonovo fomos até a última casa, atrás da qual há um campo de repolhos. As casas, na aldeia, são limpinhas, bonitas. A plantação extraordinariamente arrumada, tudo bem melhor, mais consistente e mais bonito do que em nosso distrito de Kranogorsk, nos arrdores de Moscou...Acontece que, já jpor alguns anos, é presidente do kolkhoz(*) de Aliôkhonovo o agrônomo Schimdt, enviado de Moscou para cá, na época em que se fazia a mobilização dos kolkhozes. Veio então para esta aldeia muita gente que não valia grande coisa, mas também muita gente boa. Este Schmidt (aqui o têm como judeu, mas ele deve descender de alemães russificados - não fazemos distinção) levantou a produção do klkhoz e eis aí, por toda parte, os jardins, trigo, legumes e as pessoas não vivem mal, pois em realidade, precisam de poico para isso - vivacidade, espírito de organização, instrução e iniciativa...






Na tarde em que ali chegamos, custou a escurecer. A aldeia se espalha pelo campo e a represa não fica longe. Sobre ela - toda plana e certa - aquele imenso céu aberto. E dessa amplidão, por muito tempo, veio derramando-se a luz ora cor-de-rosa, do por-de-sol, ora arroxeada, ora azul do lusco-fusco. E tudo era uma tranquilidade, com o cheiro das ervas a se exalar por todos os lados, denso e doce cheiro de especiarias...Logo depois surge a lua, como uma bola de prata por trás do bosque e cada vez mais forte o odor, a grama úmida sob nossos pés e o ar cada vez mais denso e arroxeado As estrelas começaram a se acender, uma após outra, sobre nossas cabeças, cercando-nos de todos os lados, de tal modo que não se podia pensar em mais nada, senão nelas. Instalei-me para dormir numa cama desmontável, no quintal, ao ar livre e durante todo o tempo as estrelas piscavam para mim; veio-me vontade de chorar de alegria por estar viva e respirar a fragância doce das ervas e poder ver as estrelas.De dia passeavamos e nos banhavamos na represa, semelhante ao mar; contemplavamos, do alto, a escarpa. Atrás, o campo de trigo desabrochava em ouro e, por cima dessa imensidão de água, fofas nuvens, redondas e brancas, em torvelinho.Depois, não se sabe de onde, avançou uma nuvenzinha negra, que foi crescendo e se tornando mais negra aos nossos olhos.






Todo o céu de repente se fechou e só o campo amarelado continuava brilhando. E ouvimos fortes trovoadas e caiu uma chuva forte, forte mesmo, que de repente se transormou em granizo. Mas eis que tudo isso foi-se afastandopara longe, por cima da superfície da água e a outra metade do céu começou a se azular de novo... Depois, de trás de um canto da nuvenzinha fugitiva, irromperam longos, longos raios dourados, atravessando as nuvens restantes que se dissiparam rapidamente. De novo surgiu, brilhante, o sol, a secar as gotas de chuva. E tão maravilhoso parecia o mundo, fresco e tudo lavado, que se perdia o fôlego, de deslumbramento... E as lágrimas me oprimiram durante todo aquele dia..E tudo se acabou, como se não houvera aquela nuvem negra, nem aquela chuva. Uma hora depois, voltou o calor, ficou tudo seco ao redor e de novo se bronzeiam os turistas na areia e os barquinhos deslizam, por todos os lados, sobre as águas. Regressamos, à noite, para casa, todos repousados elépidos, após essas 24 horas. Olhava todo o tempo em volta de mim, com tristeza e alegria e fiquei a pensar: de onde me vinha esse amor pela Rússia?




No entanto, somos como uns bárbaros que não existem mais em lugar algum. Na Geórgia, no Uzbequistão, na Ucrania, cada pedrinha antiga, coberta de pátina e cada muro antigo se conservam como relíquias, como tesouros, como preciosidades. Nós, todavia, "somos preguiçosos e pouco curiosos". Na colina, perto de Aliôkhnovo, situa-se uma igreja, com um campanário do lado, milagrosamente salvos durante os bombardeios da última guerra - tendo como guarda as velhas tílias em redor e a igrejinha (um cubo com cúpula no meio) está caindo aos pedaços, e no teto cresceu o sabugo; agora existe lá um depósito de feno e batata... Em lugar algum, em nenhum país de desperdiça, por simples negligência, sua própria riqueza, seus maravilhosos tesouros antigos. Em lugar algum a revolução destruiu tanto do que é útil a sua própria gente, como na Rússia. E hoje, ainda quando vivemos a afirmar e evocar as tradições nacionais russas, isso são apenas palavras e palavras...Mamãe, apesar de sua miscigenação, era naturalmente uma russa autêntica pelo seu caráter, formação e natureza. Papai amou profundamente e, por toda a vida, a Rússia. Não conheço um só georgiano que tenha amado tanto tudo o que era russo e tanto se tenha esquecido de suas próprias características nacionais. Ainda na Sibéria, começou a amar a Rússia de verdade; seu povo, sua língua e sua natureza. Ele se recordava do tempo em que esteve exilado, como se esse tempo tivesse sido somente de caçadas, pescarias e passeios pela taiga. Este amor ele o conservou sempre. Bem, e agora, que falar sobre mim mesma?




Como compreendo bem todos os que voltaram para a Rússia, depois da emigração para a França, onde se podia viver, bem ou mal...E compreendo também os que não foram ao encontro dos parentes que viviam no estrangeiro, quando voltaram dos campos de concentração e das prisões - não, não queriam de modo algum deixar a Rússia!Que dizer mais! Por mais cruel que seja nosso país, por mais dificil que seja nossa terra, por mais que nosso destino seja sucumbir, machucar-se até sangrar, sofrer dores e ofensas imerecidas e injustificadas, nenhum de nós, ligados à Rússia pelo coração, a trairia, nem a deixaria, nem fugiria dela em busca de conforto, um conforto sem alma. como a luz de seu céu pálido, terno e triste, ilumina, por cima de tudo, sua beleza sábia e tranqüila, que resiste a tudo e que tudo suporta e que se conserva através dos séculos.




E eu própria, depois das perdas mais cruéis, depois de tantas amargas decepções e danos, depois destes trinta e sete anos de vida sem sentido, estúpida, de duas caras, inútil e - ai de mim! sem perspectivas, veja em ti, minha querida, espiritual, magnífica, incoerente, sábia e cruel Rússia, a luz que me ilumina e me consola e nada e ninguém poderá te denegrir a meus olhos... E não fora o clarão da luz da tua verdade e do teu bem, eu já teria há muito tempo passado fortemente um corda em torno do pescoço, para não cair dela... E tu coninuas a me iluminar e aquecer e ainda me prometes alguma coisa nesta vida, na minha maravilhosa, querida terra verde e azul...(**)

(*)fazenda coletiva(**)quando escrevi estas linhas, há quatro anos, realmente não imaginava que um dia deixaria a Rússia. Então, todos viviam na esperança de que seriam possíveis transformações radicais no sentido de uma verdadeira democracia. (N da A.)



“COMO SERÁ DAQUI PRA FRENTE?”

Estive vendo as novas regras da ortografia. Na verdade, já tinha esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as danadas receberam uma educada atenção de minha parte.
Devo confessar que não foi uma ação espontânea. Que eu me lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o volume de e-mails e torpedos que ela me envia.
Em suma, que as novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom tempo.

Cai o trema!
Aliás, não cai... Dá uma tombadinha.
Linguiça e pinguim ficam feios sem ele, mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o trema a que eles tinham direito?
Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo, continua tudo como está.

Alfabeto com 26 letras?
O K e o W são moleza para qualquer internauta, que convive diariamente com Kb e Web-qualquercoisa. A terceira nova letra de nosso alfabeto tornou-se comum com os animes japoneses, que tem a maioria de seus personagens e termos começando com y. Esta regra tiramos de letra.

O hífen é outro que tomba mas não cai.
Aquele tracinho no meio das vogais, provocando um divórcio entre elas, vai embora. As vogais agora convivem harmoniosamente na mesma palavra.
Auto-escola cansou da briga e passou a ser autoescola, auto-ajuda adotou autoajuda.
Agora, pasmem! O que era impossível tornou-se realidade. Contra-indicação, semi-árido e infra-estrutura viraram amantes, mais inseparáveis que nunca. Só assinam contraindicação, semiárido e infraestrutura.
Quem será o estraga-prazer a querer afastá-los?
Epa! E estraga-prazer, como fica?
Deixa eu fazer umas pesquisas básicas pela Internet.
Huuummm... Achei! Essas duas palavrinhas vivem ocupadíssimas, cada uma com suas próprias obrigações. Explicam que a sociedade entre elas não passa de uma simples parceria. Nem quiseram se prolongar no assunto. Para deixar isso bem claro, vão manter o traço.
Na contra-mão, chega um paraquedista trazendo um paralama, um parachoque e um parabrisa - todos sem tracinho.
Joguei tudo no porta-malas pra vender no ferro-velho. O paraquedista com cara de pão de mel ficou nervoso. Só acalmou quando o banhei com água-de-colônia numa banheira de hidromassagem.
Então os nomes compostos não usam mais hífen?
Não é bem assim.Os passarinhos continuam com seus nomes: bem-te-vi, beija-flor. As flores também permanecem como estão: mal-me-quer. Por se achar a tal, a couve-flor recusou-se a
retirar o tracinho e a delicada erva-doce nem está sabendo do que acontece no mundo do idioma português e vai continuar adotando o tracinho.
As cores apelaram com um papo estranho sobre estarem sofrendo discriminações sexuais e conseguiram na justiça, o direito de gozarem com o tracinho. Ficou tudo rosa-choque, vermelho-acobreado, lilás-médio...
As donas de casa quando souberam da vitória da comunidade GLS, criaram redes de novenas funcionando por 24hs, para que a feira não se unisse sem cerimônia aos dias da semana. Foram atendidas pelo próprio arcanjo Gabriel que fez uma aparição numa das reuniões, dando ordens ao estilo Tropa de Elite: - Deixe o traço!
Deu certo. As irmãs segunda-feira, terça-feira e as demais, mantiveram o hífen.
Os médicos e militares fizeram um lobby, gastaram uma nota preta pra manter o tracinho. Alegaram que sairia mais caro mudar os receituários e refazer as fardas: médico-cirurgião, tenente-coronel, capitão-do-mar.
Uma pequena pausa para a cultura, ocasionada pelo trauma de ler muitas pérolas do Enem e Vestibular. Só por precaução...
Almirante Barroso não tem tracinho. Assim era chamado Francisco Manuel Barroso da Silva. Sim, o cara era militar da Marinha Imperial. Foi ele quem conduziu a Armada Brasileira à vitória na Batalha do Riachuelo, durante a Guerra da Tríplice Aliança.
No centro do Rio de Janeiro há uma avenida com seu nome (Av. Almirante Barroso). Na praia do Flamengo, há um monumento, obra do escultor Correia Lima, em cuja base se encontram os seus restos mortais. Fim da pausa!
Acho que algumas regras pra este tracinho, até que simpático, foram criadas por algum carioca apaixonado. Será que Thiago Velloso e André Delacerda tiveram alguma participação nas novas regras?
O R no início das palavras vira RR na boca do carioca. Não pronunciamos R (como em papiro, aresta e arara), pronunciamos RR (como em ferro, arraso e arremate).
Falamos rroldana e não roldana, rrodopio e não rodopio, rrebola e não rebola.
Pois bem, numa das tombada do hífen, o R dobra e deixa algumas palavras com jeito carioca de ser: autorretrato, antirreligioso, suprarrenal. Será fácil lembrar desta regra. Se a palavra antes do tracinho (nem vou falar em prefixo) terminar com vogal e a palavra seguinte começar com R é só lembrar dos simpáticos e adoráveis cariocas.
Mais uma coisinha: a regra também vale para o S. Fico até sem graça de comentar isso, pois todos sabemos que o S é um invejoso que gosta de imitar o R em tudo. Ante-sala vira antessala, extra-seco vira extrasseco e por aí vai...
Quem segurou mesmo o hífen, sem deixá-lo cair, foram os sufixos terminados em R, que acompanham outra palavra iniciada com R, como em inter-regional e hiper-realista.
Estes tracinhos continuarão a infernizar os cariocas.
O pré-natal esteve tão feliz, rindo o tempo todo com o pós-parto de uma camela pré-histórica que ninguém teve coragem de tocar no tracinho deles.
Já o pró - um chato por natureza, foi completamente ignorado. Só assim manteve o tracinho: pró-labore, pró-desmatamento.
A vogal e o h não chegaram a nenhum acordo, mesmo com anos de terapia. Permanecem de cara virada um pro outro: anti-higiênico, anti-herói, anti-horário. Estou começando a achar que as vogais são semi-hostis com as consoantes...
O interessante é que as vogais quando estão próximas umas das outras, não tem essa de arquiinimigas. Fizeram lipo juntas e conquistaram uma silhueta antiinflacionária de microorganismo. Sumiram todos os tracinhos, notaram?
Vogal-vogal, com as novas regras ficam magrinhas: microondas, antiibérico, antiinflamatório, extraescolar...
Uma inovação interessante: - Podem esquecer o mixto , ele foi sumariamente despedido. Puseram o misto no lugar dele.
Fiquei bolada com essa exceção: o prefixo co não usa mais hífen. Seguiu os exemplos de cooperação e coordenado, que sempre estiveram juntas.
Não estou me lembrando no momento, de nenhuma palavra que use co com tracinho.
Será que sempre escrevi errado?
Quem diria que o créu suplantaria a ideia!? Teremos que nos acostumar com as ideias heroicas sem o acento agudo.
Rasparam também o acento da pobre coitada da jiboia.
O acento do créu continua porque tem o U logo depois.
Pelo menos a assembleia perdeu alguma coisa...
Resta o consolo em saber que continuamos vivendo tendo um belíssimo céu como chapéu.”